15/11/2011

Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão
Este comboio de corda
Que se chama o coração.

(In: Obra Poética. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1969.p. 164-5)

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